sexta-feira, 7 de maio de 2010

EQUILIBRAÇÃO


A equilibração também está integrada na primeira unidade neurofuncional do modelo de Lúria, cuja função é de vigilância, alerta e de atenção, envolvendo neurologicamente, o tronco cerebral, o cerebelo e os gânglios de base.
“Queirós e Schrager (in FONSECA,1992:146) descreve a equilibração em termos psicomotores, como a integração da postura num sistema funcional complexo, que combina a função tônica e a proprioceptividade nas inúmeras relações com o espaço envolvente.” Graças à equilibração, o ser humano pode realizar diversos movimentos, inclusive a particularidade da postura bípede, nos diferenciando dos outros animais. Porém essa postura somente é possível, porque o homem possui dentre as suas características físicas e químicas o processo de mielinização6, que vai se constituindo e se completando, no decorrer do desenvolvimento da criança. Para isso, dividimos a aquisição da postura em algumas fases importantes:
- ao 3º mês : a criança passa da posição deitada para sentada com apoio (pescoço com sustentação firme para a cabeça);
- entre o 6º e 8º mês: conquista da verticalidade, e a criança já consegue ficar sentada sem apoio; - no 9º mês: a criança aqui nesta fase já pode rastejar e engatinhar;
- entre o 9º e o 10º mês: a criança já começa a se manter em pé com apoio durante um tempo maior;
- entre o 11º e 12º : a criança já consegue dar seus primeiros passos, também ainda apoio em suas mãos;
- entre o 12º e 14º : inicia-se o período de marcha, onde a criança já pode se locomover sozinha (fase em que ainda há um ajustamento do eixo do corpo, e ocorrem algumas quedas);
As fases podem variar com relação ao tempo, de criança para criança, porém existe um limite a ser respeitado. “Na marcha, o passo é a acomodação do pé e do equilíbrio ao solo, às irregularidades ou desnivelamentos, e ao porte, às resistências que ela encontra.”(WALLON,1971:49).
A marcha, quando adquirida, tem fator de muita importância para a criança, pois favorece a individualidade de se movimentar pelo espaço que a rodeia de forma livre, podendo ela escolher aonde, quando e o que explorar. Para esta conquista, o indivíduo passa por diversas dificuldades, inclusive a de sustentar o peso do próprio corpo e a de superar as quedas que ocorrerão, até que o corpo encontre o seu equilíbrio, sendo constatado a aquisição mais cedo nos meninos do que nas meninas. A marcha acontece na seqüência de deslocamentos e retornos do centro de gravidade, do ponto de origem ao local de exploração.
Há autores, que enfatizam que a marcha ocorrerá no tempo certo, ou seja, após um processo de maturação nervosa, e outros que acham que o resultado da sociabilização, o fator afetivo e relacional, tem função essencial para a sua aquisição. Não podem negar, que ao conseguir se locomover, a criança obtém mais experiências com os adultos, e o meio que a cerca. Se a marcha é adquirida no tempo certo do processo de desenvolvimento infantil, tanto o estímulo para que ela aconteça antes quanto a inibição, podem trazer sérios prejuízos à criança. Andadores, por exemplo, proporcionam o desenvolvimento primeiro dos pés e depois da região do quadril (desrespeitando a lei céfalo-caudal), assim como colocar a criança durante um tempo prolongado em chiqueirinhos, impedem-na de conhecer e experimentar através do seu corpo todo o espaço que ele utilizará futuramente.
Uma pessoa não conseguirá estabilidade, se não tiver o centro de gravidade de seu corpo, dentro de uma base de suporte. Com instabilidade corporal, a equilibração não acontece, pois não há atenção e controle tônico no movimento. Para achar o equilíbrio, o corpo passa por um certo desequilíbrio postural. Isto é percebido quando a criança antes de permanecer em pé, ajusta sua equilibração em outras posturas (sentada com apoio, sentada sem apoio, e em pé com apoio). O grau de mobilidade do corpo depende de alguns fatores: “•a altura do centro de gravidade acima da base de suporte; • o tamanho da base de suporte; • a localização da linha de gravidade dentro da base de suporte; • o peso do corpo;” (LEHMKUHL & SMITH,1989:53) Existem dois tipos de equilíbrio: o estático e o dinâmico

EQUILÍBRIO ESTÁTICO No equilíbrio estático, o corpo mantém-se imóvel (parado), durante algum tempo.

EQUILÍBRIO DINÂMICO No equilíbrio dinâmico, o corpo está em movimento pelo espaço que o rodeia. Como disse anteriormente, a equilibração acontece por haver uma integração entre o tronco cerebral, cerebelo e gânglios de base. Caso não possa haver participação desses centros no processo, outros (superiores) é que intervirão, o que acarretará complicações nas funções como noção do corpo, estruturação espaço-temporal, e as praxias global e fina. Estando na base de entrada e saída das informações, pois se encontra na primeira unidade neurofuncional do modelo luriano, a equilibração participa na transformação do conhecimento adquirido em reação mental, sendo fundamental no trabalho das atividade cerebrais (psicomotoras, simbólicas, motoras, etc).
FONTE: Do Abandono ao Reencontro com o Diálogo Tônico (Luciana Gurgel, França, 2007)

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