quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

EXPLORAÇÃO DO CORPO PELA CRIANÇA


"A criança se movimenta, explora, toca, entra em relação com o mundo inteiro através dos poucos ou muitos objetos que estão, a cada vez, ao seu alcance. O raio de ação das suas atividades- além do seu próprio desenvolvimento psicomotor - é limitado pelas restrições adultas. É o espaço, a configuração dos objetos, dos móveis aos enfeites, aos equipamentos de trabalho, é prevalentemente um espaço sob medida para o adulto, tanto em relação à casa, quanto a lugares públicos. E assim, o "não" torna-se facilmente um muro de vidro que engaiola a exploração infantil a qual, por intima natureza, está ligada ao movimento e às mudanças de lugar do corpo, ao pegar e lançar. O adulto pode viver os movimentos e às mudanças de lugar do corpo, ao pegar e lançar. O adulto pode viver os movimentos da criança de duas maneiras completamente diferentes: ou como constante ameaça do próprio território, como intrusão nos seus espaços, como agressividade, ou então como convite ao brinquedo, à reestruturação do espaço, à cooperação. Obviamente, poderia objetar-se que a criança pequena está constantemente em perigo, muitos dos seus movimentos podem provocar acidentes, podem colocá-la diretamente em perigo. E é verdade que a própria categoria da "segurança", a preocupação pela incolumidade da criança é básica para o seu crescimento sadio. Mas a segurança ambiental que nós, adultos, fornecemos aos pequeninos deve estar constantemente relacionada com a segurança interior que, passo a passo, se desenvolve na criança e que se expressa na sua capacidade crescente de autocontrole.
A ideia da segurança, levada ao extremo, sugere que gaiolas e barras sejam lugares ideais para o crescimento, mas tratar-se-ia de um crescimento às custas do crescimento da pessoa no sentido da autonomia. Aliás, logo que se desenvolver na criança uma certa segurança, ela mesma fará de tudo para combater a segurança,ou seja, contra a segurança dada pelo ambiente...Essa luta contra a segurança e contra os controles acompanha toda a infância; entretanto, os controles continuam sendo necessários"(Winnicott, 1965, p.47). Por isso, os pais encontram-se na dificil situação de fornecer, constantemente e com fadiga, os elementos que constituirão as armasfundamentais para a demolição progressiva da sua própria superioridade e autoridade."
fonte: Bondioli, Anna, Mantovani, Susana. Manual de Educação Infantil de 0 a 3 anos. Porto Alegre: ArtMed, 1998, 355p.

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